Esta obra nasce como um tributo ao Vale do Jequitinhonha — suas paisagens, suas gentes, seus silêncios e memórias. Modelada e pintada inteiramente à mão, ela carrega na saia o cotidiano encantado que me formou: as casas simples, as mulheres com as talhas de barro à cabeça, as brincadeiras de criança, o fogo do forno aceso e as histórias que ecoam de geração em geração.

A borboleta pousada delicadamente nos dedos simboliza a transformação — a do Vale, que segue se reinventando, e a minha própria metamorfose interior. Quando criei esta peça, também me reinventei como artista, buscando uma nova leitura do meu trabalho sem perder a raiz. Ela é memória e presente, síntese do tempo que passa, do que somos e do que ainda podemos nos tornar.

Na serenidade de seu olhar e na força silenciosa de quem carrega histórias na roupa, esta boneca é convite e espelho. Convite para quem deseja se reconectar com o essencial e lembrar que todos nós atravessamos processos de mudança, ainda que muitas vezes sejam invisíveis aos olhos. E espelho, porque cada um de nós, em algum momento, precisa abrir espaço para que a borboleta interna desperte e nos ensine a voar de novo.